sábado, 14 de janeiro de 2017

Guia de Investimentos - Tudo sobre Debêntures, Cri & Cra, e COE


Chegando ao quarto artigo de nossa série você já aprendeu tudo sobre o Tesouro Direto e os títulos privados bancários com base no CDI (o CDB, LC, LCI e LCA) e já sabe a base para investimentos com segurança ou pelo governo ou pelo FGC em Renda Fixa. Agora vamos começar a falar sobre outros investimentos em Renda Fixa porém com uma segurança um pouco menor, porém ganhos na maioria das vezes maiores. Vamos começar pelas Debêntures, CRI/CRA e, o mais novo a chegar ao Brasil, COE. Tudo bem detalhado para você.


Lembre-se!
Nosso guia possui um sentido lógico, leia esse artigo apenas se já digeriu o conteúdo dos anteriores. Você pode ver todo o índice aqui.

Renda Fixa (Debênture, CRI & CRA e COE)

Apesar de consideradas Renda Fixa, as opções abaixo Debêntures, CRI/CRA e COE, não são completamente isentas de risco. Possuem poucas perdas, mas não totalmente isentas, não são asseguradas pelo FGC, porém os ganhos tendem a serem maiores. O básico de investimentos, imposto de renda, Selic e IPCA você já aprendeu nos outros artigos, vamos ser mais diretos agora.

1 – Debêntures

As Debêntures são títulos de dívida, em geral de médio e longos prazos, que confere a seu detentor um direito de crédito contra a companhia emissora. Em outras palavras, você se torna um credor (aquele que emprestou dinheiro) dessas companhias. Normalmente os valores e prazos são definidos na contratação e atualizado ao longo da existência do título (você compra unidades, PU = preço unitário). Podem ser pré, pós fixadas ou estar atreladas a indicadores de inflação. Normalmente, afim de pagar menos juros, periodicamente há amortizações, ou seja, pagamentos semestrais de juros ao investidor (você). Dependendo do valor, é restrita a investidores qualificados.

As Debêntures são bem antigas, hoje negociadas com a facilidade da internet.


As Debêntures podem ser negociadas no mercado secundário (vendida durante sua validade), possui liquidez razoável e, portanto, possibilidade de resgate diário. E o mais importante, investimentos em debêntures de infraestrutura possuem isenção de imposto de renda. Vale citar que não possuem a segurança do FGC e por ser emissões de empresas, podem ter um risco superior aos demais ativos de renda fixa. Atentar que a maioria cobra 0,5% de intermediação no ato da compra.

Valor na prática aparenta ser mais tentador, 8,40% à 16% + IPCA. Bem longe dos 5% + IPCA ganhos normalmente no Tesouro Direto. Porém o valor mínimo aplicado costuma ser mais elevado. E mesmo com os riscos, é comum encontrar empresas de nome desde companhias de eletricidade ao Aeroporto Internacional de Guarulhos (GRU), diversas negociadas na BM&FBOVESPA. Em outras palavras, é dificil imaginar o GRU dando calote no seu investimento, certo?

Atenção.
- Debênture comum: aquela que paga o imposto de renda.
- Debênture Incentivada: como citei acima, aquelas voltadas para infraestrutura (estradas, aeroportos, portos...) e por tabela isentas do imposto de renda.


  Período de aplicação
  Tributação
  Entre 0 e 6 meses
  Imposto de 22,5% sobre a rentabilidade
  Entre 6 e 12 meses
  Imposto de 20% sobre a rentabilidade
  Entre 12 e 24 meses
  Imposto de 17,5% sobre a rentabilidade
  Superiores a 24 meses
  Imposto de 15% sobre a rentabilidade


E aqui fica uma dica preciosa que não citei no Tesouro Direto IPCA+. É sim possível perder dinheiro com um investimento no IPCA+ justamente por conta do imposto de renda. Um rendimento que dê uma taxa de 5% + IPCA+, no final, você pagará o imposto de renda sobre o ganho total, incluindo a parcela de juros do IPCA. Dependendo do tempo da liquidez, o imposto pode acabar comendo todo o rendimento do IPCA e ainda parte da taxa pre-fixada, nessa caso você perde dinheiro em relação a inflação.

Debêntures na Easynvest no momento do artigo


Acima um exemplo de Debêntures disponíveis na Easynvest no momento desse artigo. Repare o seguinte, diferente do Tesouro Direto e os Títulos Privados Bancários citados anteriormente, as Debêntures passam a apresentar duas colunas importantes: Rating e a Agência. São classificações de risco (ou grau de investimento) que estimam a segurança do seu investimento. Basicamente é a capacidade da empresa de pagar suas dívidas.

Repare que a Rico.com.vc traz a classificação de risco quando você coloca o mouse sobre o nome da Debênture

Tabela: Economia/UOL
Caso queira ler um pouco mais sobre essa classificação de risco, a Economia/UOL possui um artigo bem interessante sobre o assunto. Nessa altura do campeonato você já deve ter entendido que, quanto maior a taxa de ganho, menor a classificação de risco da empresa. 

2 - CRI & CRA

Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI) e Agrícola (CRA) são créditos direcionados ao setor imobiliário / agrícola porém de uma forma mais abrangente que LCI e LCA, emitidos por securitizadoras. Empresas privadas pedindo dinheiro emprestado com a vantagem para elas de pagar juros menor (para você) do que pagariam ao banco. Em média é pago um pré-fixado, indexado ao IPCA ou indexado ao CDI. Amortizações podem estar presentes, juros também podem ser pagos até mensalmente.

Normalmente com prazos de vencimento mais longos, o que torna os retornos mais atrativos, porém também sem a segurança do FGC. O valor inicial também costuma ser elevado, com algumas entradas superiores à R$ 300.000, o que vale a pena conhecer bem a companhia antes de fazer seu investimento. Por tabela, você precisa ficar atento também a classificação de risco citada anteriormente.

Imagem: Google


O custo é zero na maioria das corretoras, há isenção do imposto de renda, remuneração superior à praticada no mercado. Baixa liquidez no mercado secundário.

CRI na XP Investimentos no momento desse artigo

A tabela acima da XP Investimentos mostra um CRI que paga 96% do CDI. Uai, um CDB que paga 112% do CDI não é mais interessante?
Não! Indo para a calculadora que sempre recomendei, você irá descobrir que o valor final é muito próximo, fazendo com que os investimentos se igualem. Essa equivalência se da justamente pela fatia do Imposto de Renda. Portanto, sempre calcule antes de fazer seu investimento.

Book Building presente em algumas corretoras, nada mais é do que as possibilidades de os investidores fazerem sua oferta de investimento e rentabilidade. Antes da vigência do contrato começar, é oferecido um painel de venda de cotas. Naturalmente, são escolhidos aqueles que ofereceram o menor valor durante o período de apuração, já que o objetivo da companhia é pegar o empréstimo com o menor juro possível.

3 – COE

O Certificado de Operações Estruturadas é uma mescla de Renda Fixa e Renda Variável. Essa é uma modalidade bem comum no exterior (as Notas Estruturadas como são chamadas por lá), ele mescla segurança com agressividade. Basicamente são investimentos variados, organizados pelos bancos ou grupos investidores, com a maior parte em renda fixa porém uma porcentagem em renda variável com os populares investimentos de alto risco. Exatamente por ter a maior parte em Renda Fixa que o COE quase sempre é classificado nessa categoria. O valor varia muito, há quem diga que 80% do investimento precisa estar em Renda Fixa para ser chamado de COE e quem diga que 95% deve estar nesse tipo de investimento. Independente de qual nomenclatura receber, você precisa sempre se atentar a empresa a qual irá colocar seu dinheiro.

Todo COE possui um DIE: Documento de Informações Essenciais,
é obrigatório sua leitura e conhecimento antes de investir


Os COEs podem ser de suas formas:

- Valor nominal protegido: com garantia do valor principal investido. As corretoras tendem a buscar COEs com maior segurança e rentabilidade para o investidor, até de forma a fidelizar o cliente na plataforma. Repare no COE da imagem acima, independente do mercado, há uma garantia de 111% do meu capital investido no ventimento.

- Valor nominal em risco: há inclusive possibilidade de perda do capital inicial investido. Menos comum de se encontrar, normalmente com possibilidade de rentabilidade maior.

Você escolhe entre rentabilidade pré-definida, indexação variada (ações nacionais e internacionais, índices de preços e commodities, taxas de câmbios e juros, IR e suitability) e o risco ao qual irá investir. O investidor já sabe de antemão qual sua possível perda e ganho, não possui garantia do FGC, porém como a maior parte da oferta é feita pelos bancos, o risco de ao menos não recuperar seu investimento é mínimo.

Praticamente todas as DIE trazem estimativa de retorno em cada cenário possível


Como não há garantia de ganhos, por ser um investimento mais agressivo, ele é mais indicado como um ingrediente adicional à sua carteira de investimentos. Ao investir 10% dos seus recursos no COE, por exemplo, se algo der errado, o investidor recebe seu dinheiro de volta e só perde o custo de oportunidade. Mas se der certo, o ganho pode ser bem interessante. Vale ressaltar que essa segurança de recuperar seu dinheiro só é válida caso não seja feita liquidez.

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Você já aprendeu o grosso dos investimentos em Renda Fixa, aqueles utilizados pela maioria dos investidores de risco baixo. Mais para frente falaremos sobre Fundos de Investimentos e Fundos DI, mas antes vamos aprender sobre planejamento: Fundo de Emergência, Aposentadoria e Fundos Investidos. Em resumo, falaremos da melhor maneira para planejar sua vida.

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